Pronunciamento

Padre Pedro Baldissera - 028ª SESSÃO ORDINÁRIA

Em 15/04/2009
O SR. DEPUTADO PADRE PEDRO BALDISSERA - Sr. presidente e srs. deputados, novamente, deputado Moacir Sopelsa, vou trazer presente a grande preocupação do povo do oeste do estado de Santa Catarina.
Nós vivenciamos, agora em 2008, inúmeras famílias que trabalham na agricultura e que perderam basicamente todos os investimentos feitos na roça. A perda do milho chegou a até 100% em algumas propriedades, sem contar outras culturas cultivadas na região. E o oeste do estado, que se coloca como um grande produtor e aquele que sustenta a economia através dessas culturas, passa por um momento extremamente difícil, complexo.
Estive conversando com alguns prefeitos no dia de ontem e na parte da manhã de hoje e mais uma vez ouvi a sua manifestação em nome de todas as lideranças e das famílias daquela região. A seca, sem dúvida nenhuma, está causando um prejuízo extremamente grande e ao mesmo tempo ameaça enormemente as famílias, pois não sabem se poderão continuar na atividade agrícola.
Infelizmente, é um momento extremamente preocupante, porque, se persistirem e dentro das previsões, mais 30 ou 40 dias de estiagem e não temos dúvida de que a maioria daquelas famílias, além de não recuperarem mais a sua situação, vão sair da atividade e vão engrossar os grandes centros urbanos, onde faltará uma série de políticas para que possam viver com dignidade como cidadãos. E levarão, certamente, dificuldades para os grandes centros, gerando desemprego, pobreza, falta de habitação, falta de saúde, falta de educação, enfim, conseqüências oriundas dessa situação drástica que as famílias do oeste do estado de Santa Catarina estão vivendo.
É o momento de pensarmos e refletirmos um pouco sobre as políticas públicas, e aqui falo de todas as esferas, deputado Moacir Sopelsa, porque é de responsabilidade também do ente público estender programas, pelo menos para amenizar aquela situação.
Ontem solicitei ao presidente Lula e ao governo do estado, através da secretaria da Agricultura, a anistia dos agricultores. Na semana passada encaminhamos a solicitação de anistiar os nossos agricultores, porque vão jogar para o ano que vem ou daqui cinco anos, e os agricultores já não agüentam mais. Há cinco anos vêm perdendo. O empobrecimento na roça está cada vez mais acentuado. Portanto, temos que tomar alguma medida rápida para amenizar a situação dos nossos agricultores.
O Sr. Deputado Moacir Sopelsa - V.Exa. nos concede um aparte?
O SR. DEPUTADO PADRE PEDRO BALDISSERA - Ouço v.exa., tendo em vista que foi secretário da Agricultura e vem daquela região sofrida, que é o oeste catarinense.
O Sr. Deputado Moacir Sopelsa - Nobre deputado, quero agradecer a oportunidade de um aparte. Estou ouvindo o seu pronunciamento desde o início e não poderia deixar de cumprimentá-lo, pois conhece e vive a nossa agricultura.
Quero endossar as suas palavras porque a agricultura está ficando, a cada dia que passa, mais pobre. Se olharmos a saúde, a propriedade do agricultor e os veículos velhos com os quais transita (Corcel, Fusca, Brasília), veremos que está empobrecendo.
Ontem, esteve em meu gabinete um produtor da região de Videira, precisamente de Rio das Antas, juntamente com sua esposa. Eles choraram quando disseram que precisam vender a propriedade e os animais para pagar as dívidas e que iriam trabalhar como empregados. Isso comove qualquer pessoa que conhece o setor agrícola.
V.Exa. pode contar com o meu apoio, naquilo que depender do governo do estado, no que se refere a investimentos para a agricultura, no sentido de sermos parceiros para que possamos possibilitar que esses agricultores sejam anistiados. Concordo com v.exa. quando diz que não adianta prorrogar para o ano que vem, pois o ano que vem será muito tarde.
Parabéns, deputado Padre Pedro Baldissera, serei seu parceiro nesse pleito porque entendo que, independentemente de partido político, ele é mais do que justo.
O SR. DEPUTADO PADRE PEDRO BALDISSERA - Obrigado, deputado Moacir Sopelsa.
Quero dizer que isso está acima de qualquer governo e de qualquer partido político. É como v.exa. mesmo tem dito, deputado Moacir Sopelsa, o agricultor vende tudo, para fazer o quê? Para liquidar a dívida. É um homem sério, puro, que quer honrar com os seus compromissos, mesmo se desfazendo daquilo que construiu ao longo de anos e anos de muito trabalho.
Portanto, registramos, na tarde de hoje, mais uma vez essa grande preocupação do povo do oeste que trabalha na roça, que cultiva a terra e que tem desempenhado com grandiosidade o seu papel em todas as atividades. Lá mesmo existe uma produção bastante elevada de leite, mas sabemos que devido à estiagem, devido à dificuldade da própria pastagem, que não cresce porque falta água, falta chuva, automaticamente o gado diminui a produção leiteira.
Portanto, são prejuízos enormes que jamais serão repostos aos nossos agricultores; por isso, o pedido de clemência ao poder público, aos governos, para que realmente tomem uma atitude rápida, urgente, uma atitude que possa de fato resolver o problema. Não adianta adiar a problemática. É preciso que se tenha uma política de solução do problema. Hoje, para resolvermos esse problema é preciso anistiar as dívidas dos nossos agricultores e os compromissos que têm, sejam com o governo do estado, com o governo federal ou com os governos municipais.
Fiz esse mesmo apelo, na manhã de hoje, ao nosso secretário Antônio Ceron, que prontamente nos atendeu e colocou-se à disposição no sentido até de buscar alguma alternativa para enfrentar esse momento de dificuldade e de crise dos nossos agricultores.
Muito obrigado!
(SEM REVISÃO DO ORADOR)